Em Abril, o mês em que no ano
2012 Mr. Bow colheu a sua 30ª rosa no jardim primaveril, nada teria sido melhor
que receber um forte estímulo na sua carreira. O autor do trabalho discográfico
“Kota de Família” foi vencedor do Ngoma Moçambique 2011 na categoria de Canção
Popular. Conheça o seu perfil.
Na música, a história de Mr. Bow
é a metáfora da sua vida, sobretudo quando se tomar em conta a composição
“Txova Xitaduma”.
Na referida canção, o artista
retrata a história de muitos moçambicanos que – abandonando o suposto custo de
vida nas zonas rurais – emigram para as cidades como, por exemplo, Maputo onde acreditam
que o acesso ao emprego é mais fácil. No entanto, muitas vezes, a realidade com
que se defrontam tem provado que não é bem assim.
De qualquer modo, o sucesso que
Bow paulatinamente tem conquistado, desde que no ano 2000 (vindo da província
de Gaza) passou a viver na capital moçambicana, onde trabalha profissionalmente
como músico, comprova que a excepção confirma a regra.
Na verdade, Mr. Bow começou a
cantar ainda em tenra idade, interpretando composições musicais de artistas
americanos como R. Kelly, Sisqo e bandas como Backstreet Boys. É preciso ter em
mente que foi nessa altura que o artista (então, jovem de 18 anos) começou a
compor as suas próprias letras para interpretá-las no género musical Rap e
Underground ainda na província de Gaza.
Em 2001, quando passou a viver em
Maputo, Mr. Bow continuou a cantar Rap, o que fez com que, orientando a sua
pretensão no sentido de contribuir para a evolução daquele género de música,
criou uma colectividade artística a qual denominou de Strange Faces.
Curiosamente, apesar da afeição
que possuía em relação ao Rap e Underground, Mr. Bow aproveitou a primeira
oportunidade que teve de realizar um registo fonográfico cantando “Mãe”, uma
espécie de Zouk. A partir daí o artista não parou mais de compor e cantar.
Em 2003, o artista frequenta as
aulas de música na Casa da Cultura do Alto-Maé, em Maputo, onde aprende a tocar
piano. No ano seguinte, criou um pequeno estúdio de gravação que lhe
possibilitou dedicar-se, cada vez mais, à pesquisa de composição de instrumentais
musicais, captação de voz, assim como à realização de spots de publicidade.
“Leicha” é a música que, nos
meados dos anos 2000, projectou e popularizou o artista nos meandros da
comunicação social, sobretudo, os audiovisuais.
No ano 2007, Mr. Bow passa a
trabalhar com uma das organizações musicais moçambicanas mais agressivas, a
N´Studio Lable, o que lhe valeu imprimir maior seriedade na sua carreira.
Preocupado com a questão da traição nas relações conjugais, Mr. Bow publicou o
vídeo Só Te Engana, uma música romântica, que teve uma boa recepção no espaço
social maputense, o que contribuiu muito para que o artista saísse
definitivamente do anonimato. Para si, nessa altura, a música devia ser
considerada uma profi ssão séria.
Ao longo do percurso musical,
Salvaror Pedro Maiaze explorou estilos musicais como Zouk, Kwaito, músicas
tropicais, que até certo ponto foram bem acolhidas pelo seu público de
interesse, mas é com a música a Anagwenty, uma Marrabenta interpretada por si
na companhia dos humoristas moçambicanos Búfalo e Wantsongo, que são criadas as
condições para que o compositor realizasse vários concertos em todo o país. A
partir daí nasceu a crença de Bow em relação ao poder da Marrabenta.
Refira-se que além dos humoristas
de que falámos, Mr. Bow tem trabalhado com outros músicos moçambicanos com
destaque para Ta Bazily e Denny OG.
Vou suicidar-me
A música que foi classificada
como a “Mais Popular” no programa Ngoma Moçambique, na edição de 2011,
“Nitatidlhaya”, equivale a afirmar “vou suicidar-me”.
De acordo com o autor, ela
representa uma reacção ao comportamento interesseiro da figura da mulher que
passa a vida a realizar pedidos exageradas ao seu marido. Em resultado disso, o
referido homem labuta arduamente para satisfazê-la mas, quando consegue, a
mulher simplesmente diz que “já não quero”, colocando o homem na posição de
quem fez um esforço debalde.
A situação é agravada porque o
referido comportamento da mulher é cíclico, de tal sorte que o artista
considera que “quando desmedidos, os mimos exigidos pelas mulheres aos seus
maridos podem conduzir ao suicídio dos mesmos”.
Mr. Bow é um jovem que canta
sobre a vida social moçambicana, evidenciando os feitos, as dificuldades, o
amor, o desamor, o emprego, o desempregado, entre outros temas que animam
debates. Além da língua inglesa e portuguesa, Bow tem cantado preferencialmente
em xichangana, o seu idioma vernáculo.